O que a Psicologia diz sobre Preconceito?

, da Vibe Mundial

Acreditamos que o tema é muitíssimo importante, mas ainda pouco discutido por profissionais da área. E há uma necessidade real de que saibamos cada vez mais sobre o preconceito porque ele faz muitas pessoas sofrerem.

 

O preconceito é muito presente na sociedade brasileira e, em minha opinião, isso se deve ao fato de sermos um país ainda jovem, com baixo nível de escolaridade, portanto, desconhecedor de sua própria história . Apesar de ser uma tarefa difícil acabar com o preconceito, entendemos a importância de trabalharmos em prol de sua redução, pois isso já faria diferença para as pessoas que sofrem com o preconceito.

 

Este é um tema bastante amplo e objeto de pesquisa de várias áreas como a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia, etc. Todo esse interesse se dá pelas consequências e repercussões que o comportamento preconceituoso traz para o nosso cotidiano.

 

Apesar de o tema ser muito falado, tanto pelo senso comum quanto em pesquisas científicas, ele ainda é muito carente de entendimento, sobretudo na Psicologia, que necessita compreender mais sobre a história do povo que atende.

 

Mas, afinal, o que é o preconceito?

 

Preconceitos são ideias pré concebidas que temos acerca de alguém ou determinado grupo. Ele se relaciona com o conceito de estereótipo e, consequentemente, com a discriminação também.

 

Existem diversos tipos de preconceitos como podemos ver nos exemplos abaixo:

 

  • Preconceito racial: Que se refere a menosprezar o outro pela cor da pele ou origem de etnia;
  • Preconceito sexual: Referente à condição sexual do outro, por exemplo, podemos citar o julgamento das pessoas que se consideram heterossexual em relação aos homossexuais;
  • Preconceito de gênero: Que se refere às diferenças entre homem e mulher, por exemplo, o homem se considerar melhor que a mulher por ser mais forte fisicamente;
  • Preconceito de classe social: Referente às diferenças financeiras, acadêmicas, estruturais de um grupo, etc.

Percebam que algo marcante no preconceito é sua identificação com as diferenças, das pessoas ou dos grupos, por isso, ele se relaciona com o estereótipo.

 

E estereótipo, o que é?

 

Podemos conceituar estereótipo como sendo uma categorização realizada por nós, pautada nas diferenças das pessoas e grupos, de forma a simplificarmos nossa opinião sobre eles. Seria a imagem que fazemos do outro. Lendo, conceitualmente, parece ser apenas uma característica positiva, porém o estereótipo acaba sendo utilizado para classificar nas relações sociais o que é positivo e negativo.

 

Existem diversos tipos de estereótipos e cito alguns que é muito comum em nosso país:

 

Todo homem gosta de futebol;

 

Toda loira é burra;

 

Todo paulista trabalha muito;

 

Todo baiano é lento;

 

Todo psicólogo é calmo;

 

O preconceito se utiliza do estereótipo para avaliar o outro e através disso gerar o comportamento discriminatório. Sendo assim, a discriminação que tanto vemos no dia a dia causadora de sofrimento, agressão e desentendimentos entre os diferentes, é consequência do estereótipo e do preconceito.

 

Preconceito então pode ser compreendido como uma “atitude” que temos em relação ao outro e é interligado ao estereótipo e a discriminação.

 

O conceito de atitude também é interessante ser colocado aqui porque contribui para nos fazer pensar sobre os três termos já falados anteriormente: o preconceitoo estereótipo e a discriminação.

 

A atitude pode ser compreendida a partir de três componentes, a saber: cognitivoafetivo e comportamental. Através do mapa mental abaixo pode ficar mais claro o que estou explicando e a relação que faço com o conceito de atitude.

 

Nem sempre um preconceito chega a uma discriminação (comportamento). O indivíduo pode pensar alguma coisa sobre determinado grupo (cognitivo – estereótipo) e não chegar a expressá-lo.

 

O preconceito é uma atitude afetiva de um sujeito para com o outro, é a forma que você sente as diferenças entre as pessoas.

 

Apesar de o preconceito ser negativo para as relações, ele ainda existe porque sua formação acontece através das interações entre os grupos, ou seja, ele é aprendido socialmente, assim como os estereótipos também. O estereótipo, especificamente, possui uma função sociocognitiva de nos auxiliar através da simplificação a diferenciar nosso grupo dos demais. Portanto, mesmo sendo um comportamento social que traz consigo um emaranhado de práticas e reflexões conflituosas, ele ainda existe porque tem uma função que pode ser utilizada como algo útil.

 

E como podemos reduzir o preconceito?

 

Quanto a isso, inicialmente alguns pesquisadores achavam que seria possível através da interação dos diferentes, pois assim haveria conhecimento sobre ambos os grupos, logo, reduzindo os estereótipos. Porém, posteriormente, perceberam que a teoria da Interação só funcionaria se houvesse interação com igualdade de status, ou seja, jamais haveria redução do preconceito se a escolha do outro continuasse a ser entendida socialmente como errada, logo, mesmo que convivêssemos e percebêssemos que ele é uma boa pessoa, sua escolha continuaria ditando o preconceito no grupo, pois não seria vista como adequada.

 

Enfim, este texto teve o objetivo de explicar o conceito de preconceito de acordo com a visão teórica da Psicologia Social. Este é um tema importante para sociedade e também para todos os psicólogos, pois encontramos na clínica (consultório) muitas vezes seus resultados externalizados em sofrimento nos clientes que nos procuram.

 

Vivemos em um país que, apesar de ser tido como um lugar de alegria, de pessoas diferentes, com miscigenação, ainda se comporta de forma primitiva no que tange à aceitação das diferenças humanas. Um bom exemplo é que existem programas de humor em rede nacional com personagens baseados em estereótipos e isso certamente deve implicar em desconforto e até sofrimento para muitos que se identificam com os personagens apresentados.

 

Por: Maicon Moreira

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