Fim de ano: fogos podem causar danos e traumas nos pets

Com a proximidade das festas de fim de ano, os fogos de artifício voltam a  preocupar tutores de cães e gatos. Embora façam parte de celebrações culturais,  os ruídos intensos representam um agente de estresse para os animais e podem  causar impactos físicos, neurológicos, auditivos e comportamentais, tanto  imediatos quanto de longo prazo.   Segundo a médica veterinária do Hospital Veterinário do Centro Universitário  Max Planck (UniMAX Indaiatuba), Flavía Jávare, ao ouvir os fogos, o organismo  do pet interpreta o estímulo como uma ameaça iminente, ativando o sistema  nervoso simpático e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Essa reação  desencadeia a liberação de adrenalina, noradrenalina e cortisol, hormônios  responsáveis pela resposta de “luta ou fuga”. 

Pets podem apresentar diversos comportamentos

A especialista explica que, diante desse processo, os pets podem apresentar  agitação intensa, tentativas de fuga, vocalizações excessivas, busca por  esconderijo, comportamento agressivo defensivo e até automutilação. Entre os  sinais fisiológicos, são comuns tremores, hiper salivação, pupilas dilatadas,  taquicardia, respiração ofegante e eliminação involuntária de urina e fezes.  “Essas manifestações demonstram um alto grau de sofrimento físico e  emocional”, afirma a veterinária. 

Danos auditivos para os pets

A exposição frequente aos fogos também pode causar danos auditivos  importantes. Os ruídos podem ultrapassar 150 decibéis, nível considerado lesivo  ao sistema auditivo. De acordo com Flavía, sons intensos podem danificar as  células ciliadas da cóclea, resultando em perda auditiva temporária ou  permanente, zumbidos e hipersensibilidade aos sons. A exposição repetida  favorece ainda o desenvolvimento de estresse acústico crônico. Animais com  doenças pré-existentes estão ainda mais vulneráveis: pets cardiopatas podem  apresentar arritmias e descompensações, aqueles com epilepsia podem ter  crises desencadeadas pelo barulho e condições como ansiedade, hipertensão e  doenças respiratórias tendem a se agravar, elevando o risco de emergências  veterinárias. 

Além dos efeitos imediatos, a exposição intensa ao barulho pode gerar traumas  comportamentais de longa duração. A especialista explica que muitos cães e  gatos desenvolvem fobias sonoras, ansiedade generalizada, síndrome do pânico  e progressiva sensibilização a estímulos auditivos, quadros comparáveis ao transtorno de estresse pós-traumático descrito em humanos. Por isso, a  prevenção deve ser contínua. 

Como proteger cães e gatos durante os fogos 

Entre as estratégias recomendadas para os pets, estão a dessensibilização  sonora gradual, a manutenção de rotinas previsíveis, atividades físicas  regulares, uso de feromônios sintéticos e nutracêuticos que auxiliam no controle  da ansiedade, além do acompanhamento com médico veterinário  comportamentalista.  

Nos períodos de maior risco, é indicado manter os animais dentro de casa, fechar  portas e janelas, reduzir a luminosidade, oferecer abrigos seguros, utilizar  música ambiente para suavizar o impacto do som e garantir que o pet esteja  devidamente identificado com coleira ou microchip. A especialista reforça que é  contraindicado forçar a exposição do animal ao ruído ou administrar  medicamentos sem orientação profissional, além de nunca ignorar sinais de  pânico. “O medo é uma resposta involuntária, não um comportamento  inadequado”, explica. 

Flavía alerta que episódios de convulsão, colapso, automutilação, agressividade  intensa, taquicardia persistente ou qualquer alteração grave em animais com  doenças cardíacas ou neurológicas exigem avaliação veterinária imediata. Em  alguns casos, a terapia preventiva medicamentosa é essencial para garantir a  segurança do animal durante as festividades. 

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Vivi Pettersen

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